Ser atriz, ser artista! Esse é meu destino!

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sábado, 4 de junho de 2011

Os silêncios

O barulho pede trégua: silêncio!




            Tente por um segundo ficar em silêncio absoluto. Conseguiu? Dificilmente sim. Nossa mente irrequieta faz com o silêncio interior seja quase impossível, devido à gama de preocupações e agitações que envolvem os pensamentos. Nossa mente, ou nosso “eu” se depara com a correria do mundo e descompassa o ritmo interior do corpo, de maneira petulante, desordenada e até grosseira. Quantas vezes nos dizemos, eu quero paz? Quantas vezes a professora escreveu no quadro: Silêncio, alunos? Quantas vezes fazemos psiiiuu para os outros? Será que isso resolve?
            O barulho é a paz, acreditem. Se ficarmos cara a cara com o silêncio, descobriremos que somos seres pequeninos, solitários, vazios e o medo vai nos rondar. Quantas vezes nos disseram: vai por aquela rua que é mais movimentada? O ser humano não quer o silêncio, ele é perigoso. Nós queremos sim, é a ausência de som temporariamente para quebrar a monotonia do barulho constante. Mas por causa da grandeza do silêncio, quase inatingível, não nos permitimos mergulhar no nosso ego, id e superego, que revelariam a nós mesmo, nosso verdadeiro “eu”.
            Particularmente, não conheço o silêncio. Quando um ator dá uma pausa muito longa do seu texto, o público tosse, se movimenta na cadeira, se distrai. O silêncio é desconfortável. Acho que juntamente com os dinossauros, o silêncio já foi extinto. Torço para estar equivocada, e que isso não passe de devaneios de uma atriz que desconhece o silenciar. Eu ouvia, várias vezes, quando era criança: vai pro teu quarto e pensa no que você fez de errado minha filha. E lá tinha o silêncio, que eu chamava de “bicho papão”. Ao ir num retiro, me disseram, no silêncio nos encontramos com Deus. Mas no meu quarto o silêncio era um monstro, como pode ser Deus?
            Portanto, eu não sei responder o que é silêncio, porque ele nunca falou comigo. Pois mesmo tentando com todas as forças ouvi-lo agora, a rua, os carros, meu teclado, meu estômago, minha respiração, tudo não me permite. Então se algum dia alguém souber, me diga, em silêncio.
             
                                                                                          Angélica Ertel

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Atriz, Diretora e Produtora, formada pela Universidade Federal de Santa Maria - Proprietária da Empresa Performance Produtora Cultural

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